sábado, 16 de julho de 2011

Sem razão

Como não tenho razão
para ficar alegre ou triste,
vim para a frente do espelho me espiar,
pra tentar adivinhar expressões
de sensações que aiunda não existem,
ade futuras alegrias e de momentos tristes.
Quase que já chego a ver,
o que ainda nem chegou a ser,
como se pelos cantos dos meus olhos,
e pelas beiradas dos meus lábios,
eu já chorasse e já risse pelo que ainda não existe.

Olhos nublados

Tenho olhos nublados
como céus nublados
de lugares prestes a chover.

Tenho olhos nublados
que as veses chovem torrencialmente
como céus nublados que tentam ficar azuis,
céus que chovem a água das nuvens que opacam essa luz.

Tenhos olhos nublados
que as vezes chovem silenciosamente
como céus nublados que tentam ficar azuis.

Mas meus olhos não são céus,
são só olhos, e nem sequer
são azuis.

O sol e a lua

A luz do Sol, que eu guardava em mim,
por minhas frestas escapulia
para acender a Lua, quando eu anoitecia.

O sol ia se pondo dentro de mim.

E enquanto a luz da Lua banhava minha pele nua,
a escuridão caia, aos poucos, ao redor da rua.

Eu era o ponto que unia o Sol à Lua.

Noites...
noites que atravessei sozinho,
longe do meu amor,
acordado, sem ninguem ao meu lado.

Comigo

Se você me encontrar falando sozinho
não se assuste.
Eu não falo sozinho, falo comigo mesmo.
É que dentro de mim moram seres diferentes
que se cumprimentam e conversam, nem sempre
silenciosamente.

Sobre ontem a noite

Na noite de ontem fui de encontro a tua ausência, o frio noturno estava dentro de mim. Atravesseai o tempo até chegar a tua casa, joguei teu nome ao vento, como quem lança pedras, mas o peso de palavras não arrebenta vidros.
Aproximei meus passos do espaço em que vives e embacei o vidro com o vapor da minha voz. Susurrei segredos, quase em silêncio, mas o silência do teu quarto não me disse nada. Arranhei com raiva as veias do vidro com a ponta da chave de um carro emprestadoa. Arrastei meus dedos quase sem barulho, sobre a transparência da pelo do vidro e deixei impressa minhas digitais, como se sangrassem de tanta solidão.

As unhas da mão direita

Você cortou os meus cabelos,
mas não vai poder cortar minhas unhas.
Deixe-as em paz, para que com seu toque
aeu descubra as cordas que acordam
os acordes que me remetem a ti.

Mãos frias

Te aqueci com minhas mãos frias
e minhas mãos quase transformaram
tua tristeza em alegria.
Digo quase, por que tristezas
não deixam de ser tristezas,
nem deixam de existir,
nem minhas mãos tem tanto poder assim.

São apenas mãos frias
que pensam poder te aquecer,
mãos frias que pensam
ter o poder de transformar
tua tristeza em alegria.

Enquanto dormias

A linha desta poesia vem do silêncio
que eu ouvia na noite arrastando o dia,
que aos poucos aamanhecia.

E se não fosse arrastado,
é certo que o dia não vinha,
pois o dia não queria
ficar só sem companhia.

A noite era mão do dia
e pelas mãos o trazia,
mas em seguida sumis, deixando-o
ser só e todo durante o dia...

Eu também fiquei só,
fiquei a ser só e todo
por muitas noitas e dias.
Mas o teu cheiro se deitou
à flor da minha pele fria,
e o teu calor ainda me aquece
em longas noites vazias.

As minhas palavras falam
por que minha fala silencia.
Hoje a saudade me arde,
mas com o tempo tudo esfria.
E quando essa tristeza tropeçar
há de se levantar alguma alegria.

No colo de uma bicicleta

Envelheço por fora e pelo avesso,
começo a ser o que pareço.
Envelheço no colo de uma bicicleta,
e, no ventro da noite adormeço.

Passeio como em sonhos pelas línguas que falo,
pelas outras tanto me calo;
são muitos os silêncios que conheço e as memórias
de lugaresa que não esqueço, envelheço...

Sobre o girar de duas rodas me equilibro e
vibro por estar vivo, nem sempre em equilibrio
com tudo e comigo.

Mas meu coração segue batendo...

O negro em seus cabelos já começa a estancar
mas o meu sangue ainda é vermelho,
e, pelas vias das minhas veias vai seguindo o seu ciclo.

Eu vou de mãos dadas ou não, como um equilibrista
sobre uma corda esticada em alta tensão,
e nenhuma rede entre mim e o chão.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Eu...

Tenho gosto pelo esquecimento
E a solidão que ele carrega,
Bem como o silêncio que se emprega
Neste agridoce acalento...

Tenho apreço pela loucura.
E, eu e ela, temos verdadeira amizade
Chego a ter nojo da normalidade
Que é imposta, lasciva, impura...

Tenho imenso respeito pela morte
Que vem, e sem erro finaliza
Tudo o que é vivo, sendo unica certeza
E lançando a todos essa sorte...

Compreendo, também, certas dores
Que mantém viva a realidade
Que mantém presa na intimidade
Saudades, lugares, rancores...

...Palavras, nomes, amores
Que se vão, com um que de lástima
E que se afoga, se desabafa em lágrima
E indiferenças, mentiras, pudores

Tenho asco ao superficialismo
E as ditaduras que o acompanha
Tenho pena daquele que apanha
E toma pra si esse facismo

E ante ao facismo
Que muitos tem por escolha
Que te diz que compre, não plante, não colha
E que transforma tudo num abismo;

Canto repressão às repressões
E peço sinceras desculpas
Se já pulaste, com tuas roupas
No abismo, faminto de depressões...

Mantenho-me cego às suas marcas
E surdo, sou às suas finezas...
Sou totalmente mudo à certas belezas
E insensível a todas estas estacas...