sábado, 21 de maio de 2011

Fidelidade

E como não falar nada
Se é do meu peito que sai a vontade
Que muito me dói, exatamente por não ser falada
Me obrigando a expor a verdade?

A cidade esta ficando pequena
E o espaço é tomado por meu silêncio.
Pois não tenho mais o seu sorriso de menina
E deixei quieto esse meu suplicio.

É incrível quando te vejo
A voz falta, a perna treme, a voz gagueja
E eu só consigo vislumbrar o seu beijo

Fecho os olhos e você me aparece
E não importa jamais onde eu esteja
Estando com você, o resto do mundo desaparece.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Solidão

Esquece-me sozinho
Como a dor que me faz sentir
O furo do espinho
É melhor que te ver partir.

Uma lágrima rola solta
A pele parece queimar
A tristeza traz de volta
A vontade de caminhar

Coração cicatrizado
Parece saltar, viver sem mim.
N’um canto, permaneço calado,
A infelicidade da solidão sem fim.

No peito, um sentimento doloroso.
Lembranças dum passado desgraçado,
A tristeza agora rola com peso,
E eu queria sumir, esquecer-me do fardo!

Apenas uma coisa, te peço,
Esqueça-me por um momento
Em pedras, eu piso e tropeço,
Mas pior que pedra, é o inquietante tormento!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Defeito

Como é difícil me manter calado
Receoso em verbalizar meu apreço
E para nao desandar, é que nunca esqueço
De sempre pensar, antes de agir ao seu lado...

Há uma alegria diferente no diálogo
Há diferentes formas de conduzir
Os olhares, os abraços, o sorrir...
Que não explico, mas que guardo em meu âmago...

E as palavras teimam em me fugir
Quando eu crio, em comédia, seus defeitos...
Tendo, a cada contato, refeito
Essas palavras que se cravam no porvir.

E talvez seja melhor calar...
Só Deus sabe quantas besteiras eu falo
E é exatamente por isso que calo
Quase me obrigando a silenciar...

Carta de retirada

Detalhes me resgatam a tristeza
Cala-se, e me faz crer na derrota
Que não é minha, mas que me faz morta
De certa forma, a destreza...

Sinto seu silêncio
Me chega a ser doloroso
Não mais verei deliciar verso saboroso?
Não mais me perderei em tais dizeres intensos?

Sinto seu medo
Sinto, como se fosse meu
E, sinceramente, quem foi que perdeu
Já que, por ora, se calam seus enredos?

Quem perdeu, fui eu
Que tanto esperava crescimento
Que almejei e que felicitei amadurecimento
Mas que, por palavra de outrora, se perdeu...

Quem perde, é você
Que silencia tamanha voz
Que se deixa levar pelo algoz
Que se permite perder...

Quem perde, é a primazia
Da condução de teus dizeres
Quem perde os deleites de prazeres
É a própria poesia...

Poeta inseguro
É todo o que é poeta
E um outro inseguro idiota
Calou a boca do futuro...

sábado, 7 de maio de 2011

Carta ao belo sorriso

Como é fácil o teu sorrir, menina.
E a constância, dá-te um ar de lindeza.
Ilumina, graceja, e com certa fineza,
Todo o ambiente se contamina.

Impossível não notar a simetria
Traduzida pelo encaixe entre sorriso e rosto
E por ser simétrico, que me é imposto
Traduzir-te a beleza em poesia.

De ti, conheço apenas este sorrir
Sou ignorante, por exemplo, dos teus motivos
Não sei se bestiais, intelectuais ou instintivos...
Quiçá venha a saber com a lucidez do porvir?

Sei que, de qualquer sorte, é iluminador.
E tuas feições demonstram o que digo.
Daqui, a impressão é de que não tens inimigo,
Ou que jamais conhecera as lágrimas da dor.

Para mim, nunca sorriste.
E não venho, por meio desta intervir.
Não tenho a má intenção de extorquir...
Contento-me em ter a contemplação por presente.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Vontade íntima

Queria ter a sensatez dos sábios
Saber falar, saber calar, saber o momento
Saber fazer da sabedoria instrumento
Não me deixar seduzir por mesa, cama ou lábios...

Queria ter a frieza dos sensatos
E desta, me utilizar a todo instante...
E deixar de me expor a sentimentos constantes
Adormece-los, e com todo o intelecto apenas julgar quaisquer fatos...

Queria ter o acalanto do esquecimento
E ser presenteado com seu doce desdém
Aproveitar e ter por presente também
Arrancado de mim o desalento..

Queria ter o dom de afugentar
Todo esse frio, toda a saudade, toda essa mágoa
Queria ser capaz de arrancar essa mão que me afaga
E teima em ainda me fazer lembrar...